
Um crânio com um implante de metal encontrado no Peru divide especialistas sobre a sua autenticidade.
Cientistas encontraram um crânio alongado em forma de cone com um possível implante de metal que pode representar uma das primeiras evidências de um antigo implante cirúrgico no Peru. No entanto, cientistas temem que possa ser uma farsa.
A forma cónica do crânio não é propriamente surpreendente. Os antigos peruanos eram conhecidos por apertar a cabeça das crianças com faixas durante o seu desenvolvimento.
O que é realmente pouco habitual é o implante de metal no crânio. A confirmar-se, esta pode ser uma descoberta única na zona dos Andes, escreve a Live Science.
O crânio tem um buraco um pouco abaixo do metal que possivelmente foi criado por trepanação.
A trepanação do crânio é um tipo de cirurgia na qual são feitos furos na cabeça para tratar uma ferida ou uma doença.
Os especialistas do Museu de Osteologia, em Oklahoma, nos Estados Unidos, não foram capazes de verificar a autenticidade do implante de metal até ao momento. Será necessária uma investigação mais aprofundada para averiguar a veracidade do crânio.
Especialistas contatados pela Live Science dividem-se: alguns mostram-se céticos e sugeriram que o implante é uma falsificação, enquanto outros suspeitam que o implante possa ser real.
“Tenho dúvidas de que isso seja algo autêntico”, disse John Verano, professor de antropologia da Universidade de Tulane, em Louisiana. “Em poucas palavras, acho que isso é algo fabricado para tornar o crânio um artigo colecionável mais valioso”.
“Eu nunca vi nada assim antes. Com base nas fotos, parece que a peça de metal foi martelada”, disse Danielle Kurin, professora de antropologia da Universidade da Califórnia.
Como a tecnologia metalúrgica variava nos Andes na altura, serão necessários testes no metal para esclarecer onde foi feito, acrescentou Kurin.
Num artigo de 2013, Kurin relatou um caso em que uma pessoa que vivia no Peru há cerca de 800 anos usava uma espécie de touca no crânio que tinha uma tampa de metal costurada. Esta serviria para proteger a área perfurada pela trepanação.
OS INCAS ERAM GRANDES CIRURGIÔES
Mas, deve ter-se em conta que um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, revelou que os incas já praticavam cirurgias cranianas e tinham um índice de sobrevivência dos pacientes maior do que dos médicos da Guerra Civil americana, ou Guerra de Secessão, cerca de 400 anos depois.
A técnica que os incas praticavam, chamada de trepanação, consiste em perfurar um orifício no crânio. Isso é feito há milhares de anos, desde a Grécia antiga. No entanto, essa civilização que vivia no Peru, antes da chegada dos conquistadores espanhóis, tinha uma taxa de sucesso surpreendentemente alta para cirurgiões.